3 de mar. de 2024

De vítimas a aniquiladores, a estupidez desumana dos judeus




Sou uma pessoa comum que, como Belchior, conheço meu lugar e, no meu caso, minha insignificância. Não sou historiador, nem rabino ou pastor evangélico adepto da teologia da dominação, também não sou exegeta, jornalista ou diplomata. Mas, mesmo não sendo tudo isso, e uma infinidade de outras coisas, quero manifestar aqui.

Não se trata da política interna do Brasil, e meus pensamentos sobre esse tema não dependem do presidente ou de qualquer outro político. Vou falar do massacre que está sendo executado por Israel, em Gaza e em toda Palestina.

Sou uma pessoa definitivamente da paz. Não gosto de conflitos. Não entro em conflitos e, se por algum motivo me vejo envolvido em algum tipo de disputa, me esforço de todas as formas, para sair dela. Esse sou eu.

Sempre condenei o que os nazistas fizeram com os judeus, na Guerra. Nenhum ser humano pode aceitar aquilo sem se revoltar, se envergonhar e se indignar. A humanidade, graças aos europeus, tem muitos motivos para se envergonhar, a campanha de extermínio comandada por Hitler é um deles. Mas, e as lições? Somos incapazes de aprender com nossa própria história?

Exterminamos praticamente todos os nativos americanos, da Patagônia ao Alasca, passando pelo Cerrado e pelos Andes. Exterminamos milhões de africanos, dentro e fora da África. E, ao que parece, não aprendemos nada sobre humanidade.

Em pleno 2024 temos várias guerras acontecendo, duas em escala mais notável. Uma delas, porém, é a mais vergonhosa, cruel e desumana.

Notícias de guerra sempre me entristece. Mas, assistir os judeus se comportarem exatamente como os nazistas fizeram, me é incompreensível. Aliás, os judeus não estão agindo igual aos nazistas. Estão se comportando de maneira muito pior, mais desumana e mais cruel. E canalha. O comportamento de Netanyahu, do governo de Israel e do povo judeu, que apoia e se beneficia dessa campanha de extermínio que já dura décadas, é canalha.

Israel quer, e ao que parece vai se apossar de todo território do que já foi o estado da Palestina. Mas Israel não quer correr o risco de futuras insurgências. Não querem correr o risco de que, em um futuro qualquer, alguém reclame um pedaço de terra, para refundar uma nação. E, para isso, o melhor é não deixar nenhum sobrevivente. Assim, à medida que invade e destrói tudo que possa lembrar a Palestina, Israel vai exterminando os palestinos. Não se trata de uma guerra. É uma campanha de erradicação completa. E nós estamos assistindo com nossa passividade criminosa.

E a canalhice dos judeus se torna mais aguda, sempre que eles usam a memória do sofrimento que sofreram, para exigir que todas as nações do mundo concordem com todo tipo de absurdo que eles executam. “nós somos os pobres judeus, podemos cometer todo tipo de crime, e ninguém pode nos contestar, se não alegamos antissemitismo”. E ainda temos a cegueira de “cristãos” ao redor do mundo, que não consegue compreender o mundo na realidade de hoje, e vive acreditando que ainda está no antigo testamento.

Não se trata de fé, não tem nada a ver com a bíblia cristã ou com a torá. Se trata de uma sanha incontrolável por poder e riqueza. E de crueldade. Nada disso tem a ver com nenhuma divindade. Aliás, o comportamento absurdo dos judeus é a mais clara manifestação da ideia nietzschiana “humano, demasiado humano”. E deve ser freado o quanto antes (mesmo já tendo passado de todos os limites aceitáveis para nosso tempo).

Sim, os Israel, e todos os judeus são piores que os nazistas pois, tendo sofrido tudo aquilo, deveriam ter aprendido quão desumano é, e deveria ser o povo mais fortemente a se posicionar contra qualquer atrocidade parecida. E, apesar de ter judeus que se dizem contrários à política de Netanyahu, ninguém está efetivamente, tentando parar o extermínio palestino e, de algum modo, todos os judeus se sentem beneficiados por essa ação. É enojador reconhecer isso. Vejo muito mais verdade e humanidade em todos os alemães que, constrangidos, pedem desculpas pelo que o exercito de Hitler fez, do que em qualquer manifestação de judeus que tendo passado por aquilo tudo, hoje apoia, ou simplesmente deixa seu exercito fazer o mesmo, com mais crueldade.

Mas não se preocupem, não veremos campos de concentração na Palestina. Não será necessário, pois Israel transformou toda Palestina em um perfeito, e muito eficiente, campo de extermínio. Não há como fugir. Não tem como escapar. Não existe refugiados. Estão confinados, condenados.

E, aos que viram me julgar, perguntando o motivo de eu me manifestar só agora, em meio à toda repercussão no meio político brasileiro. Ou ainda me perguntarem se eu apoio os “terroristas” do Hamas. Vou adiantar minhas defesas e meus argumentos.

Assim como a campanha de extermínio dos palestinos pelos judeus não é como nova (apenas está em um estágio mais agudo e, que pode ser definitivo), assim também é minha percepção. Em 04 de novembro 1995 eu, um garoto pobre lá da baixadinha, chorei ao ser informado da morte de Yitzhak Rabi (em 2011 registrei essa fato em um texto que pode ser lido aqui: https://deriva-pi.blogspot.com/2011/08/sobre-mortes-e-disturbios.html). E sempre disse o que penso desse avanço cruel. Se buscar, poderemos encontrar registros de várias outras manifestações minhas sobre esse tema. Vários de antes desse atual capítulo, aliás.

Quanto ao Hamas, como disse, sou da paz. Mas em algumas situações é necessário lutar. Eu não tive oportunidade de me juntar aos homens e mulheres que lutaram contra a ditadura brasileira. Mas sou grato a todos que lutaram, especialmente aos que morreram para que não perdêssemos a noção de liberdade e democracia. Sim, eu apoio a memória da ALN, VPR, MR-8, VAR-Palmares e todos os demais grupos que tiveram coragem de enfrentar o braço de chumbo da ditadura. Considero válida ações como o sequestro do embaixador americano. Eu teria participado, se tivesse tido oportunidade e condições. Da mesma forma, honro a memória do levante de Varsóvia, e a coragem dos que preferiram morrer lutando. Ora, a ocupação criminosa do território palestino, por Israel vem acontecendo desde a criação do próprio Estado de Israel, com os judeus matando, humilhando, subjugando e desumanizando os palestinos. Eles precisam se defender. Nem todos vão pegar em armas, mas alguns terão coragem e condições. Antes foi a OLP, com a qual eu sempre fui simpático. Mas o tempo do Arafat passou, o massacre continuou e se aprofundou. Estranho seria não aparecer nenhum grupo de pessoas dispostas a enfrentar um inimigo tão cruel. Às vezes esses grupos usam as mesmas armas e os mesmos modos que seu opressor. Aí são chamados de “terroristas”. Mas a semântica sempre vai depender de que lado está o gatilho e qual peito é dilacerado.

Mas essa é só minha opinião. Não espero a aprovação de ninguém, assim como sei da minha insignificância sobre tudo isso. Sei, portanto, que minha opinião em nada vai alterar nada essa história. Nenhuma bomba será evitada pelo que eu penso. Mas, acredito, porém, se as pessoas que podem intervir, não o fizeram logo, e de forma efetiva, em breve não haverá nenhum palestino para chorar por seus mortos, e não restará nenhum registro concreto do que já foi a palestina, pois tudo e todos, estarão sob os escombros. E, em algum momento no futuro, a humanidade sentirá tanta vergonha desse nosso momento, quanto sentimos da segunda grande guerra.



Urgências

 Me pego tentando me aperceber de mim.

Tarefa difícil.

Quase impossível

Vivo correndo

Sem tempo

Sem espaço

Sem ânimo,

Sem coragem...

 

Temos trabalho demais

Coisas demais

Velocidade demais

Informação demais

Urgência demais

Tudo em demasia

Demasiada superficialidade

Escassa apreciação

Escasso, o prazer

 

Saudade do tempo sem pressa

De quando o mundo era gigante

E o sonho por conhecê-lo nos fazia sonhadores

De pisar descalço o chão

Pés e cara suja

Coração e alma leves

De quando cada ‘agora’ se demora mais

Para ser apreciada

Usufruído

Vivido...

 

Saudade de viver a vida

Ser e ter amigos

Sentir abraços reais, e sem pressa.

Comer fruta em quintais

Poder errar pela cidade

De chegar tarde, às vezes

Poder escolher por mim

Não estar sempre apreensivo,

Prestes a perder um prazo qualquer.

 

Hoje, mundo pequeno

Os ‘agoras’ nem são sentidos

Os dias passam voado

As pessoas passam distantes

O tempo não mais me cabe

O espaço não mais me cabe

O filho, nascido a pouco, se foi

O amigo, sempre distante

Relações fugazes

         Na velocidade de tudo mais

Quando se dá conta, já não é mais

Quando se dá conta, não mais está

Se um dia pudermos nos dar conta, veremos que tudo passou

O tempo

As pessoas

As coisas

A vida

Nós...

 

E, afinal, o que fizemos?

Seu sabor

 E, nessa manhã,

Meio que “do nada”

e sem motivo

Seu sabor veio me visitar

Como se em minha boca fosse sua saliva

 

Escova e creme dental,

O enxaguante bucal

só reforçaram a sensação

Saudade de daqueles beijos matinais

 

Preparei um café forte

De nada adiantou,

         Cafés sempre estiveram presente em nós

Acordei inda mais

E o sabor ganhou aroma.

 

Comi

bebi

e você seguiu em mim

agridocemente atormentando

 

Banho, tomei

Andar, caminhei

Liguei o rádio

Ouvir músicas

Li notícias e futilidades

Ouvi sobre as guerras

Até trabalhei,

Tentei me iludir

E te ludibriar

         Em vão

 

Por fim, desisti

Parei de tentar fugir

Aceitei ser (metafisicamente) sua morada

Como sempre gostei de ser

E, assim, abri uma cerveja

Para harmonizar

 

Combinação perfeita

Desde quando me emprestava seu calor

E, após o desencontro,

Tornou-se mais presente hábito

Afagando minha alma

Amenizando minha dor

Clareando minhas lentes

E Realçando seu sabor...

Palavras Soltas

Palavras soltas

Imaginação a esmo

Sensibilidade à flor da pedra

Pedradas sonhos,

                desilusão

Ano novo

Mesma vida

Novos lances

Outros passos

                Tão cansados

Mesma jornada

E as histórias?

Outras tantas

                Repetidas

Mas seguimos

Quase todos

Quase juntos

                Meio longe...

No ocaso

Vista embotada

Cansaço, poeira e lágrimas

Objetivos embaçados

                Pouco nítidos

Normalidade pós tantas curvas

E assim eu sigo

De maio em maio

Nessa viagem,

                seguindo o touro

Essa gentil-faminta constelação

10 de set. de 2023

Obrigado Mattel - Sobre o filme Barbie

 


Finalmente, vejam só, como era mesmo de ser inevitável, acabei por ver o filme Barbie. Esse mesmo, de 2023. Esse que tem causado tanto burburinho nas redes sociais. Tudo bem, a essa altura nem tá mais sendo assim, tão comentado. Mesmo assim, ainda quero dar meu pitaco, já que estou nesse planeta interligado.

Fazer o que, né? Estando com covid pela segunda vez. Recomendado a permanecer em casa, isolado em semana de feriadão (é o que dizem, o pobre do proletário (desculpa a redundância), não tem mesmo sorte). Mas, mesmo que não houvesse recomendação médica, eu não teria me animado a fazer outra coisa, além de permanecer deitado, ou esparramado em meu sofá vermelho brasil. Já que, apesar de todas as doses de vacinas circulando em minhas veias, incluindo a bivalente, o vírus conseguiu roubar, completamente, minha energia e minhas vontades... sou obrigado e imaginar o que me teria acontecido dessa vez, não fossem as vacinas que tomei.

Enfim, leituras desobrigadas. Séries e filmes que não me exigiam muito esforço. Mas acabei adiantando muita coisa já iniciada e consegui finalizar umas já começadas e outras iniciadas nesses dias.

E, eis que me chega às mãos Barbie. Confesso que estava mesmo querendo ver, desde o lançamento, mas não tinha tido oportunidade.

Claro, também, que li e ouvi muita coisa sobre o filme. Muita coisa mesmo. Muitas com as quais, posso dizer agora, eu concordo e muita coisa com as quais não concordo.

Sim, é um filme com viés feminista. Não, isso não é ruim.

Sim, fala sobre exploração e acumulação. Não, não é uma obra comunista.

Sim, brinca um pouco com o masculino e com o papel dos homens. Não, não “objetifica” os homens.

Ta bom, vou discorrer um pouco melhor sobre isso. Mas, apesar de ser incorrigivelmente prolixo, prometo ser breve.

Veja, o filme aborda sim, a sociedade com a visão feminista. Mas é preciso lembrar que o feminismo não é uma luta pela supressão dos homens. Mas uma luta por igualdade e, principalmente, por respeito. Então, parem de virar a cara para uma luta que é responsável por tantas conquistas históricas para a sociedade como um todo, e não apenas para as mulheres.

Para os idiotas que falaram que é um filme “anti homem”, que “objetifica” os homens, só tenho uma pergunta: Vocês são cegos, para a realidade à sua volta? Ou, em que mundo vocês vivem? A “brincadeira” que o filme Barbie faz com os homens nem de longe chega perto do que nós, homens reais, fazemos com mulheres reais, nesse nosso cruel mundo real. Para quem se sentiu ofendido, recomendo a comédia “Eu Não Sou um Homem Fácil” e ouça “ponto de interrogação”, do genial Gonzaguinha (isso não vai mudar nada, mas pode mostrar outras manifestações interessantes).

Sim, o filme critica o sistema e o papel que nós, homens, temos desenvolvido ao longo da história. Mas ele não se propõe a desconstruir nada. Apesar de flertar com a ideia da desconstrução, ele não propõe e não entra nessa vereda. Mesmo assim, achei, muito válida toda discussão que gerou.

No entanto, não foi isso que me pegou. Nem de longe.

É um bom filme. Com bom roteiro, boas atuações e uma fotografia muito agradável. A trilha, pra mim, contribuiu muito. Aliás, as partes “musicais” do filme, com música e coreografia, são muito bem feitas e extraordinariamente divertidas. Mas também não foi isso.

Ora, senhoras e senhores, onde foi que perdemos nossa verdadeira sensibilidade?

Muita coisa me chegou, muito antes do filme me chegar às mãos, mas não vi ninguém abordando o principal tema tratado em Barbie. Ninguém citou. Nenhum blogueiro, nenhuma influenciadora, nenhum site especializado. Ninguém, que eu tenha visto.

Então eu pergunto novamente: onde foi que perdemos nossa sensibilidade?

Antes de descambar para as (quase) discussões políticas, e as disputas entre Barbie e Ken, o que foi que motivou toda história? O que causou o irresistível incômodo na “perfeita” Barbie estereotipada?

Você viu o filme? Você se lembra? Ou deixou passar isso, como se fosse uma coisa sem importância?

Tenho repetido, faz décadas, que “prefiro quem sabe reconhecer a diferença entre jiboias e chapéus”. E esse filme trouxe de volta a importância de manter viva, e ativa, a luta pela sensibilidade.

Não se trata só da luta feminista. Não se trata, apenas, de luta para descontruir o comportamento masculino, nem de vencer o falido capitalismo e construir um novo modelo de mundo. Se trata de manter a sensibilidade infantil. Se trata de cuidarmos da saúde de nossas crianças. Sejam as que estão, cronologicamente, na infância. Seja essas, que nunca nos abandona, não importa a idade que temos.

A pandemia agravou muito as coisas. Mas já estávamos doentes antes dela. E hoje, não estamos dando muita atenção, na verdade, atenção quase nenhuma, para como nossas crianças se comportam. Para os sentimentos eu elas manifestam. Para as mensagens que elas nos passam.

O cinema, que apesar de ser uma engrenagem do sistema, por muitas vezes age como  farol, nos indicando rumos. Pois bem, essa mensagem não é nova. Você pode encontra-la em filmes como “O labirinto do Fauno”, “Sete minutos depois da meia noite” e tantos outros. E tantos de nós continua enxergando chapéus, onde deveriam ver jiboias.

Sim, o filme aborda coisa demais. Mas antes de tudo, uma pequena sequência começa tudo. O momento em que o brinquedo, feliz em seu papel, começa a sentir a anergia negativa emanada pela criança que o possui. Não apenas agressão ao brinquedo. Mas pensamentos autodestrutivos, ideações destrutivas.

Fazemos isso. As crianças fazem isso. Eu e você fazemos isso. Transferimos para nossos brinquedos, aquilo que que sentimos, que gostaríamos que nos acontecesse, que gostaríamos de fazer a nós mesmos ou ao outros.

Indefesas, as crianças fantasiam. Sonham com salvadores mágicos, que nunca chegam. E seguem sendo submetidas a todo sorte de mazela que as acontece (e se você não convive com crianças, pode não fazer ideia do que estou falando, mas garanto que são histórias dignas de Annabelle e não de Barbie).

Mas, mesmo nós, adultos que perdemos nossas crianças e nossas sensibilidade, não conseguimos enfrentar os fantasmas que nos assustam. Não aceitamos certas verdades. Não nos aceitamos. E transferimos para nossos brinquedos, sejam eles objetos caríssimos, animais ou outros seres humanos, nossas frustrações e nossos temores.

Não resolvemos. Do contrário, aprofundamos nossas crises. Drogas são possibilidades de fugas. Terapias ajudam. Ter amigos e o mais importante socorro. Mas, se não somos capazes de ouvir nossas crianças, e aceitar quem somos, nada adiantará de nada.

Nunca pensei que diria isso, mas obrigado Mattel pela, possivelmente inesperada, contribuição.

E você, quer defender seu ponto de vista, sua posição? Antes de necessário ouvir as crianças, todas elas. Inclusive a que você tenta matar, dentro de você. 



Quase fuga

O sol brilhante, queimava

A claridade, cegava parcialmente os olhos fechados

A ar quente penetrava, com facilidade e desconforto, os pulmões

No coração, uma estranha dor

Na mente, uma confusão caótica.

Sons,

Cores,

Aromas...

Nada era verdadeiramente real.

Mas não sonhava

Seus sentidos estavam despertos

Apenas confusos

Bagunçados

Perdidos.

Tentou escapar

Sair voando

                (desejou voar, o louco)

Saltou.

Alguns centímetros acima daquele chão que o sustentava

E despencou.

                (não se pode escapar)

E mergulhou, novamente, na escuridão inerte.

Silencioso

Insipido

Monocromático...

Breve ilusão de liberdade

Mas está de volta à mim.

 

Solidão aromática

Borbulhante, a água ferve

Sem pressa, preparo meu café.

O aroma preenche o ambiente.

Em mim, um vácuo impreenchível

Vastidão sombria

Silêncio ensurdecedor

Nem calor, nem frio

Inércia de sentimentos

Respiro,

              Estou aqui

Apenas eu,

              e todos os meus fantasmas

Que observam,

              entre a pena e o escárnio.

Nem se metem mais.

Eu, sozinho, faço tudo

Inclusive esse café delicioso

Que,

              por ora,

é o que anima essa minha desprezível vida.